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Assaltos provocam insegurança em comércio no Cidade Nobre

Além de trancar as portas de vidro, alguns estabelecimentos instalaram grades de segurança    (Foto: Mariana Goulart)

 

IPATINGA – A onda de assaltos que assola o bairro Cidade Nobre nos últimos dias tem provocado uma atitude radical por parte dos comerciantes: eles estão trabalhando com as portas trancadas. Alguns proprietários ainda colocaram grades para reforçar a segurança. O comportamento inseguro pode ser notado principalmente em uma das principais vias do bairro, a avenida Carlos Chagas, cenário de um roubo à mão armada na sexta-feira passada (27), que culminou na morte de um dos assaltantes.
Mesmo depois deste episódio, pelo menos outros três estabelecimentos foram invadidos por assaltantes, entre eles uma drogaria, uma papelaria e um restaurante. A reportagem percorreu a avenida e constatou a sensação de insegurança vivida pelos lojistas e funcionários.
Em quatro lojas visitadas, todas estavam com as portas trancadas. D.S. é vendedora de uma loja de roupas. Ela conta que para evitar riscos para os funcionários e clientes a solução imediata foi adotar a medida radical. “Por isso estamos trabalhando só de porta fechada. Somente em uma semana, tentaram arrombar a porta três vezes e tivemos que colocar uma porta de ferro também. Desde dezembro as coisas estão assim. Mesmo durante o dia, só com a porta fechada”, disse a funcionária, acrescentando que mesmo assim a sensação de insegurança ainda persiste. “Até de porta trancada a gente fica com medo”, diz.
Em outra loja de roupas, trabalhar de portas trancadas é hábito há cerca de um ano. C.D., proprietária do estabelecimento, conta que só abre a porta quando alguém pede. “Como a gente só vende roupa feminina, o fluxo de homens na loja é, menor aí é mais tranquilo. Já conheço minhas clientes. Também não tenho muito dinheiro em caixa. Porque a maioria das pessoas paga em cartão e quando é cheque a gente já deposita no banco para evitar deixar dinheiro na loja”, relata.

FRACO
Além do medo, os comerciantes ainda têm que conviver com as consequências dos constantes assaltos: o fraco movimento. M.O. é proprietária de uma loja de roupas, que fica próxima à outra assaltada na semana passada. Segundo conta, até mesmo o movimento de clientes caiu. E a medida adotada pela lojista também foi trabalhar com as portas trancadas. “Os assaltos estão tão comuns que até o movimento da loja caiu um pouco. Acredito que as pessoas também estão com medo. E infelizmente temos que trabalhar deste jeito, com as portas trancadas. Mas nem assim temos tranquilidade”, expõe.

GRADES
Em outro estabelecimento visitado pelo DIÁRIO POPULAR, a proprietária de uma loja de importados optou por instalar grades. Ela disse que a situação no bairro está muito difícil e que somente com o instrumento de proteção pode trabalhar com um pouco mais de segurança.
A loja foi alvo de uma tentativa de assalto durante uma madrugada. Bandidos atiraram uma pedra no vidro, quebraram a porta, só não conseguiram levar nada porque o alarme soou e a polícia chegou. “Aqui na loja mesmo a gente não tinha grades, mas tivemos que aumentar a nossa segurança e colocar grade na frente da porta de vidro. E agora soubemos que em uma mesma madrugada bandidos roubaram algumas lojas daqui do bairro. É preocupante porque mesmo depois da ação da polícia de prender um assaltante e matar o outro, ainda assim o bairro continua sendo alvo de bandidos”, disse, acrescentando que já teve caso de o próprio cliente pedir para trancar a porta. “A gente trabalha com medo e os nossos clientes também ficam com medo”, conclui.

RECENTE
Um dos assaltos mais recentes foi em uma papelaria, na madrugada do último domingo (29). M.F.C. é gerente do estabelecimento assaltado e, segundo conta, os criminosos estragaram a porta de vidro e levaram pouco mais de R$ 30 em mercadorias. A polícia chegou rapidamente, mas os ladrões não foram identificados. O gerente explica que para evitar os roubos o jeito é evitar expor tudo que a loja vende. “O método está sendo necessário para evitar chamar atenção. No momento, a gente prefere esconder algumas coisas porque tem pessoas que chegam realmente para especular e ver o que a loja tem de valor para depois vir roubar”, considera.

 

Bairro conta com Rede de Comércio Protegido e policiamento ostensivo
Ipatinga
– Todas as lojas visitadas participam da Rede de Comércio Protegido, um programa criado pela Polícia Militar com a finalidade de aumentar a segurança. Os comerciantes consideram que o monitoramento ajuda, já que recebem visitas constantes de policiais para saber como está o movimento. Mas, diante do crescimento no número de assaltos, pedem mais policiamento. “A rede ajuda sim, mas sabemos que durante a madrugada as coisas ficam difíceis. Tem que ter uma medida melhor, porque mesmo quando fazemos Boletim de Ocorrência nada acontece. O tráfico está muito evidente em Ipatinga, então sabemos que muitas vezes as pessoas que entram nas lojas são usuárias de drogas que assaltam para manter o vício, e quase sempre fica por isso mesmo”, considera o gerente da papelaria, assaltada na madrugada do último dia 29.
Na noite de ontem, a reportagem conversou com o comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar, o Tenente-Coronel Francisco Assis. O militar foi informado sobre a atual situação vivida pelos comerciantes da avenida Carlos Chagas. O comandante disse entender a realidade e prometeu providenciar, a partir da noite de ontem, o aumento do policiamento na localidade. “Até restabelecer a sensação de segurança decorrente dos últimos episódios, vou pedir hoje (ontem) mesmo o reforço do policiamento no local”, garantiu.
O Tenente-Coronel ainda ressaltou que irá providenciar uma reunião com os comerciantes do bairro Cidade Nobre a fim de buscar alternativas concretas para amenizar a situação, mas pondera que o local já possui um policiamento ostensivo com uma Base Comunitária Móvel, patrulhamento com motos, viaturas e bicicletas, além de uma viatura exclusiva em horário comercial.

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