Cidades

“Aqui não é delegacia, é uma Casa democrática”, diz Guedes a Ley

IPATINGA – Uma acirrada polêmica entre o vereador e ex-presidente da Câmara de Ipatinga, Ley do Trânsito, e o atual presidente Sebastião Guedes (PT), marcou a reunião da Câmara de Ipatinga na última quarta-feira. O principal motivo da discussão foi a revogação de uma portaria de Ley do Trânsito, promulgada na época que em presidiu o Legislativo, estabelecendo que as reuniões das comissões deveriam ser feitas no plenário e divulgadas pela TV Câmara. A medida foi recentemente revogada por Guedes.
Em seu pronunciamento, Ley dirige-se à audiência da TV Câmara e critica a decisão de Guedes de acabar com a portaria que transmite a sessões das comissões. Em seguida o vereador tece severas críticas ao governo municipal a quem chama de “mentirosos” e cobra a realização de obras públicas, mas foca seu pronunciamento em defesa do projeto da TV Câmara: “Mais uma vez agradeço a oportunidade de falar aqui para toda a cidade, porque pode ser uma das últimas reuniões transmitidas pela TV Câmara. Digo isso porque no último dia 10 de março foi feita uma portaria cancelando a portaria 170 que criava a TV Câmara, assinada pelo digno presidente desta casa. Como não existe uma nova portaria criando novas regras, entendo que ela acaba com a TV Câmara”, arremata Ley do Trânsito. Segundo ele, a medida é surpreendente porque foi assegurado em Plenário, em resposta a um questionamento seu, que a TV Câmara não acabaria.
“E não foi revogado um parágrafo, uma frase, foi revogada toda uma portaria”, ressalta, lembrando que a TV Câmara amplia a transparência no Poder Legislativo ipatinguense.
Ao finalizar seu discurso, Ley cobrou um documento que estabeleça as regras de funcionamento da TV Câmara.

FOGO CONTRA FOGO
O presidente da Câmara Sebastião Guedes deu uma resposta contundente ao pronunciamento de Ley do Trânsito e o chamou de autoritário e anti-democrático. “Como meu nome foi citado vou tentar responder aqui ao meu nobre ex-presidente Ley do Trânsito. Vossa Exclência já não é o presidente mais. Durante o seu reinado vossa excelência tomou as medida que bem entendeu e nós acatamos. Muitas delas, antidemocráticas, autoritárias, que criaram grandes problemas para o Legislativo. E nós nos submetemos a elas”, disparou.
Guedes também acusa Ley de prática de "espionagem" no Legislativo e de tentar implantar um regime marcial na Casa. “Este espírito de delegado que o senhor tentou implantar nesta Casa quis controlar e monitorar a todos. Até o sistema de informática da Casa foi monitorado; qualquer documento que se fizesse em qualquer gabinete, vossa excelência tinha o controle dele. Estava acostumado a grampear telefones celulares dos outros e acha que está Câmara é delegacia”, alfinetou.

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Íntegra do pronunciamento de Guedes

“Como meu nome foi citado vou tentar responder aqui ao meu nobre ex-presidente Ley do Trânsito. Vossa Excelência já não é o presidente mais. Durante o seu reinado vossa excelência tomou as medida que bem entendeu e nós acatamos. Muitas delas, antidemocrática, autoritárias, que criaram grandes problemas para o Legislativo. E nós nos submetemos a elas”.
“Queria dizer para vossa excelência que não acabamos com nenhuma TV Câmara, até porque ela não foi criada. Não existe nenhum instrumento criando TV Câmara. Isso foi uma invenção de Vossa Excelência apenas para distribuir dinheiro com publicidade. Gastou uma fortuna no último semestre divulgando essa famigerada TV Câmara e Rádio Câmara. Muitas destas despesas estão aí, irregulares com problemas até de falsificação de documentos e nós estamos tentando acertar, consertar as coisas. Porque na nossa gestão nós não vamos abaixar a cabeça, não. O que for certo nós vamos fazer. Esta medida foi tomada porque é uma medida democrática, os presidentes de comissões tem autonomia para se reunirem onde quiserem. Isto é competência das comissão. Este espírito de delegado que o senhor tentou implantar nesta Casa quis controlar e monitorar todos. Até o sistema de informática da Casa foi monitorado, qualquer documento que se fizesse em qualquer gabinete, vossa excelência tinha o controle dele. Estava acostumado a grampear telefones celulares dos outros e acha que está Câmara é delegacia. Aqui não é delegacia, aqui é uma casa democrática, onde existe um Regimento e nós temos que nos submeter a ele.
O que estou fazendo aqui como presidente está amparado no Regimento desta casa e V. Ex.ª. não tem legitimidade para falar de transparência até porque V. Ex.ª não foi transparente na gestão que exerceu nesta Casa.
Não tem também legitimidade para questionar obra de Compor porque V. Ex.ª não ajudou a economizar aqui nesta Casa. Foi o campeão de gastos com viagens, passagens aéreas e figurou nas páginas dos jornais nesta situação. Então, este teatrinho, essa ameaça, essa coisa de querer me intimidar, já vou adiantar para V. Ex.ª, não vai funcionar.
Está, sim, revogada aquela famigerada portaria, os presidentes e reúnem onde quiserem. As reuniões de comissões são públicas, qualquer pessoa pode participar. Hoje se reuniram e o presidente preferiu se reunir aqui [no plenário], amanhã se quiser se reunir noutro lugar dentro desta Casa está autorizado. Isto é uma medida democrática, aqui ninguém vai prejudicar o trabalho de nenhum vereador, nem o de V. Ex.ª, que fez isso com vários colegas aqui. Todos tem a legitimidade para exercer o seu mandato, com toda a amplitude que lhe foi concedido através do povo e o vereador tem que ter autonomia, o presidente de comissão em que ter autonomia porque foi eleito também e o presidente desta casa também tem que ter autonomia porque foi eleito para isso. E vou exercer esta autonomia de presidente, juntamente com os colegas da Mesa sem baixar a cabeça pra ninguém”.

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