Cidades

Ambulantes continuam trabalhando no Horto

Ambulantes afirmam ter sido autorizados por “alguém do governo” para continuar atuando no local

 

IPATINGA – A retirada dos ambulantes do bairro Horto realizada pela Prefeitura Municipal de Ipatinga, no último dia 2 de abril, parece não ter surtido o efeito esperado. É que no dia seguinte à autuação, os trabalhadores retomaram suas atividades.
A Prefeitura alegou que a remoção dos ambulantes foi realizada atendendo a várias solicitações e denúncias de moradores e comerciantes do bairro. A versão foi contestada pelos barraqueiros que trabalham no local. “São poucas as pessoas que querem que a gente saia daqui. A maioria dos moradores não se incomoda com a gente. Sabemos quem quer nos tirar da rua, mas a gente também tem o direito de ganhar nosso dinheiro”, considerou Andréa Venâncio da Silva, ambulante há dois anos no bairro Horto.
“De repente eles chegaram às 17h da segunda-feira, pedindo para a gente juntar tudo e se retirar. E ainda nos deram só 20 minutos para sair, eu mesma já estava trabalhando e com churrasquinho assado. Tinha polícia e um caminhão para gente colocar as coisas. Ninguém se opôs ao pedido, cada um juntou as suas coisas e fomos embora”, contou Andréa.

RETORNO
De acordo com Andréa, na terça-feira (3), ela e outros ambulantes foram até a Prefeitura para tentar resolver a situação. “Fomos ao prédio e pedimos pra conversar com o prefeito (Robson Gomes). Uma moça responsável pelos barraqueiros do Parque Ipanema nos ajudou bastante”, declarou Andréa Venâncio.
Ainda segundo ela, a responsável pela fiscalização informou que eles não poderiam voltar a trabalhar. “Fomos atendidos por uma moça da fiscalização e ela nos disse que a gente não ia poder voltar a trabalhar no Horto mesmo. E que mais para frente a Prefeitura ia ver como ficaria. Mas só que uma outra barraqueira tinha conseguido conversar com o prefeito pela manhã e disse que ele havia autorizado que a gente retornasse; por isso que nós voltamos logo no dia seguinte”, informou a ambulante.

LEGALIDADE
Os ambulantes declararam que já procuraram a PMI por várias vezes para solicitar a regulamentação das barracas. “Contribuímos com os alunos e trabalhamos pelo nosso sustento. Eu mesma trabalho 15 horas por dia e essa é a única forma de renda da minha família. Nós queremos pagar impostos e que a Prefeitura aceite a gente trabalhando lá e legalize o nosso trabalho”, afirmou Andréa.

OUTRO LADO
Enquanto os ambulantes defendem a permanência nas ruas do bairro Horto, há quem não concorde com a situação. É o caso do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Vale do Aço. “Estamos conversando com a Prefeitura porque a situação desses barraqueiros é completamente irregular. E a administração, permitindo que eles continuem lá, eles estão indo contra a regularidade. Lanchonetes estão fechando porque não estão mais conseguindo concorrer com o comércio informal”, declarou Benedito Pacífico da Rocha, presidente do Sindicato. O sindicato argumenta que eles não pagam impostos para a comercialização dos produtos.
“Esperávamos que essa ação de retirada fosse definitiva e não que os ambulantes voltassem para as ruas no dia seguinte, como aconteceu. Infelizmente, o que a gente acha é que está havendo um favorecimento político nesse caso. O que a Prefeitura alega é que a fiscalização vai continuar agindo”, concluiu Benedito.

“Comércio fixo é caro e são poucas opções”, diz aluno
Ipatinga
– Confirmando a versão dos ambulantes, existem sim pessoas que querem que eles permaneçam no bairro Horto. Grande parte das barraquinhas existentes no local fornecem produtos alimentícios aos alunos e funcionários de uma faculdade localizada na rua Jequitibá. E para essas pessoas, os barraqueiros só trazem benefícios. “Eles acabam nos ajudando muito porque são mais opções que nós temos, já que o comércio fixo no bairro é pequeno e as coisas são mais caras e com poucas opções. Os barraqueiros trabalham aqui há muito tempo e não tem como ignorar essa realidade”, considerou o enfermeiro Giann Carlo Medeiros, funcionário da faculdade.
A estudante de administração, Karen Crys Oliveira Reis, também é a favor da permanência dos ambulantes no bairro. “Acho que a maioria dos estudantes é a favor das barraquinhas. Mas eu entendo os dois lados e por isso acho que os ambulantes devem ser legalizados para acabar logo com essa briga”, concluiu a estudante.

PMI
Em nota, a Prefeitura Municipal de Ipatinga informou que, atendendo a várias solicitações e denúncias de moradores e comerciantes, os fiscais da PMI, com o apoio da Polícia Militar, notificaram seis ambulantes e inviabilizaram outros quatro de comercializarem ilegalmente perto da faculdade no bairro Horto. A administração municipal esclareceu ainda que a ação cumpre a legislação, e que a fiscalização continua em procedimento.

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