Cidades

Alê Silva relata à PF ameaça de morte por causa de laranjas

Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, é acusado de ter feito as ameaças em reunião com correligionários

(DA REDAÇÃO) – A deputada federal Alê Silva (PSL-MG), de Coronel Fabriciano e cuja principal base eleitoral é o Vale do Aço, protagonizou durante a última semana o retorno ao cenário político do caso das laranjas do PSL. A situação, que já é cítrica, ao colocar sob suspeita o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, ficou mais ácida com a denúncia da ameaça de morte que ela teria feito à deputada durante uma reunião com correligionários.

Diante da ameaça, a Alê Silva denunciou o ministro espontaneamente à Polícia Federal na última quarta-feira (10), segundo informações do jornal “O Estado de S. Paulo”. O ministro é investigado pela suspeita de comandar um esquema de candidatas-laranja no diretório do PSL em Minas Gerais, que ele presidiu durante o pleito do ano passado. Segundo jornal, Alê Silva confirmou a existência do esquema no Diretório mineiro do partido, ao qual o próprio presidente da República é filiado, e solicitou proteção policial.

“Prometi na vida pública combater a corrupção e que jamais iria me calar diante do surgimento de um foco de corrupção tão perto de mim. Senti-me na obrigação de levar os fatos ao conhecimento do Ministério Público. No início me mantive em silêncio por receio da reação dos envolvidos. Agora vieram sérias ameaças, que se concretizaram através de interlocutores do ministro.”

O caso ganhou maior repercussão depois que Alê ganhou a solidariedade de colegas do partido e de parlamento. A advogada Janaína Paschoal, que se projetou politicamente ao pedir o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, saiu em defesa de Alê nas redes sociais e pediu a demissão do ministro do Turismo.

“Todo meu apoio à deputada Alê Silva. E agora, presidente? O ministro do Turismo fica? A deputada federal eleita também estaria mentindo? Exijo a demissão do ministro! Não tem que esperar conclusão de inquérito algum!”, escreveu Janaína Paschoal, em sua conta no Twittet. “Como é que pode uma situação dessas e o presidente não tomar providências? Não pode”, completou.

ÓDIO MORTAL

Ao jornal O Globo a deputada Alê Silva disse que o ministro do Turismo usa o presidente Jair Bolsonaro, que resiste em demiti-lo do cargo.

“Eu de fato me sinto ameaçada, pelos últimos acontecimentos. Ele [o ministro] não fala diretamente comigo. Essas pessoas não usam mais telefone, têm medo de estar grampeadas. Então mandam interlocutores. Um viajou 216 quilômetros para me falar pessoalmente, pedir para eu não levar adiante mais nada, que o ministro já estava ciente que fui eu que entreguei informações para denúncia ao Ministério Público. E que ele estava com ódio mortal de mim, que se eu soubesse de mais alguma coisa, que era para eu ficar quieta”, afirmou a deputada.

Segundo a acusação feita por Alê, que está em seus primeiro mandato na Câmara, a ameaça feita pelo ministro do Turismo é uma reação às acusações relacionadas a um suposto esquema de candidaturas laranjas de mulheres pelo PSL.

DIFAMAÇÃO

O ministro do Turismo disse que a deputada move uma “campanha difamatória” contra ele, em razão da disputa pelo controle de diretórios municipais em suas bases eleitorais em MG. À reportagem da Folha, o ministro disse que ameaças e agressões “não tem nenhuma correspondência com a minha história de vida”.

As acusações da deputada do PSL são motivadas por uma frustração pessoal, segundo o ministro, uma vez que sua ida para o Ministério levou à convocação do Suplente Enéias Reis (PSL-MG), garantindo ao suplente a prerrogativa de compor os diretórios do PSL nas cidades da região.

Conforme o site “Último Segundo”, Alê Silva disse já ter sido xingada pelo ministro numa ligação telefônica. “Teve uma noite que ele ligou aqui em casa, já era 0h13, para me xingar, porque me queixei de Robertinho Soares (ex-assessor de Álvaro), sobre mantê-lo no diretório do partido, mesmo todo enrolado. Ele me xingou, falou que eu não tinha nada a ver com isso”.

A deputada disse ainda que ficaria feliz se a expulsassem do PSL. “Não posso sair do partido, não perco o mandato. Se acaso eles me expulsarem, confesso que no fundo eu ficaria feliz”.

Alê afirmou que não se ressente do fato de Bolsonaro manter Álvaro no cargo. Para ela, o presidente é tão “enrolado” pelo ministro quanto ela foi até então.

“Ele simplesmente nos usou para fazer a campanha dele. E ele usa Bolsonaro também. Espero que o presidente acorde a tempo e identifique essa pessoa que está ao lado dele, que não gosta dele, que só está usando ele. Para mim, ele está sendo tão enrolado pelo ministro quanto eu fui um dia. Só que eu acordei a tempo”.

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