Jovem já possuía várias passagens pela polícia por tráfico e crimes contra a vida (Divulgação PM)
FABRICIANO – Os homicídios em Coronel Fabriciano parecem não ter fim. No início da madrugada de ontem (31), um adolescente de 17 anos foi executado a tiros na rua Quintino Alves, próximo ao número 207, no bairro Nazaré. Guilherme Lincoln da Anunciação Junior, conhecido como “Capitão”, foi a quarta vítima de assassinato em menos de quatro dias na cidade.
Uma testemunha, também menor, contou à polícia que estava em companhia de Guilherme em um bar, quando percebeu a presença estranha de um indivíduo. Por causa disso, os dois resolveram sair do estabelecimento comercial. No momento em que passavam pela rua Quintino Alves, notaram novamente a aproximação do mesmo indivíduo que estava rondando o bar.
O amigo de Guilherme relatou que o estranho sacou de sua cintura uma arma de fogo, e começou perseguir a vítima, que acabou sendo alcançada. Quando isso ocorreu, o autor efetuou vários disparos e depois fugiu correndo. “Capitão” foi atingido na nuca, nádegas e braço.
No local do crime, foi recolhido um par de chinelos – que foi reconhecido pela testemunha como sendo de Guilherme -, um celular também da vítima e um projétil aparentando ser calibre 38.
ÚLTIMA ABORDAGEM
Antes de morrer, o menor, que possuía passagens pela polícia por tráfico de drogas e tentativa de homicídio, foi abordado por policiais militares na rua V16, no bairro Sílvio Pereira II. Conforme o Soldado Juliano, da 178ª Cia da PM de Fabriciano, o jovem estava em companhia de mais três pessoas em um veículo, que havia ficado sem combustível.
Na ocasião da abordagem, eles explicaram para a polícia que estariam esperando um mototaxista para levar a gasolina. O policial disse que Guilherme, o “Capitão”, chegou a reclamar da abordagem, dizendo ser perseguido pelos policiais. “A gente orientou que todos eles fossem embora para casa, foi quando o Guilherme reclamou da abordagem. Até eu mesmo disse para ele que melhor ser abordado pela PM que por outros tipos de pessoas, e aí tudo terminou com esse fim, infelizmente”, disse o soldado Juliano.
PASSAGENS
No dia 1 º de julho de 2011, Guilherme foi o principal suspeito de tentar matar Alan Alves de Souza. A última vez que o menor foi parar na delegacia foi no dia 4 de outubro deste ano, ocasião em que foi apreendido no Riacho das Pedras, em companhia de mais oito pessoas. No dia, Guilherme estava em companhia do mesmo colega da noite em que foi morto. Com o grupo, foram encontrados dez papelotes de cocaína.
Suspeitos são detidos
Fabriciano – Na tarde de ontem (31), um rapaz de 18 anos foi preso e um menor apreendido, suspeitos de matarem Guilherme Lincon, o “Capitão”. Ambos foram localizados em suas residências, no Morro do Carmo. O serviço de inteligência da Polícia Militar rastreou as denúncias anônimas dando conta de que os dois suspeitos teriam cometido o assassinato.
Imagens gravadas de uma câmera instalada a cerca de 100 metros do local do homicídio mostraram os dois acusados passando pelo local momentos antes do assassinato. O sargento Robson disse que as cenas foram capturadas minutos antes de Lincon ser morto. “As imagens têm um pouco de interferência, mas os militares que conhecem bem os traços dos dois indivíduos os identificaram e eu também consegui ver que se tratavam das mesmas pessoas”, afirma o sargento. As cenas foram encaminhadas junto com os detidos para a Delegacia Regional da Polícia Civil em Ipatinga.
Os dois acusados negaram qualquer envolvimento no crime. O adolescente alegou que na noite do crime dormiu por volta de 21h. Já o rapaz de 18 anos disse que havia descido o morro para comprar um medicamento.
A reportagem tentou falar com os acusados, mas eles não quiseram se manifestar a respeito das acusações.
Facções
Para a PM, o assassinato de Guilherme foi mais um dos crimes relacionados à disputa por pontos de tráfico de drogas. A briga começou em meados de outubro do ano passado quando um adolescente conhecido por “Mateuzinho” teria chegado ao Morro do Carmo para “dominar” o tráfico.
Pelo menos quatro pessoas morreram por causa da guerra do tráfico, além de outras que foram alvos de tentativas de homicídio.
